A TERCEIRA SESSÃO OU O DIA DO SALMÃO
Onde as lendas surgem do mundo cotidiano e pacato, se misturando com a realidade, e a aventura espreita em cada canto, formou-se a trupe de aventureiros o Unicórnio Saltitante. O destino, ou talvez apenas uma série de eventos casuais, os uniu na nem tão vibrante cidade de Limiar, de 5.000 habitantes, no ano de 1012 do calendário local, no extremo norte do Grão Ducado de Karameikos. Eles não sabiam, mas o caminho à frente os levaria a um pequeno vilarejo e a uma grande teia de mistérios, onde o simples não é tão simples assim, e o perigo se esconde nas sombras.
Aprecie este pequeno resumo dos eventos que se seguiram após a união deste destemido grupo de aventureiros chamado O Unicórnio Saltitante.
RESUMO DA TERCEIRA SESSÃO: O DIA DO SALMÃO
O Dia do Salmão é o dia mais importante desta estação do ano na comunidade do Vale das Núvens. Neste dia ocorrem jogos campesinos, festa, barracas de feira, muita gente da região e de fora dela comparece à cidade de Efúgio e a barulheira começa pouco antes das 7 da manhã, com cantoria e pessoas falando alto, algumas começando a tomar sua primeira caneca de cerveja, outras buscando ganhar um extra vendendo produtos caseiros em sua barraquinha.
Ketil, o sacerdote de Thor, foi o primeiro a acordar. O clérigo havia dormido cedo, muito incomodado de não terem corrido em direção à casa que deveria estar abandonada e chutado alguns traseiros. Mais incomodado ainda de Lora, a barda, ter decidido por fugirem de uma boa briga contra um elfo magricela usando um arco. Ketil sabia que poderia esmagar o elfo, o arco e sabe-se lá mais o que com um golpe. Mas ele poderia esquecer disso tudo se divertindo no festival. Assim, se inscreveu em 3 competições: A Corrida do Salmão, o Rola-Tora e o Urso Sedento. A inscrição para cada prova custava 20 coroas de prata, ou 10 se você estivesse hospedado no Minotauro Caído e fizesse a inscrição na própria taberna. Ketil gastou 30 coroas de prata, pagas em ouro, e foi tomar seu café, se preparando para a corrida do salmão, fosse isso o que fosse. Enquanto bebia, pedia para que a dona da estalagem O Minotauro Caído, Mira Feldin, lhe explicasse sobre os jogos e onde ocorreriam cada prova.
Lázaro, o sacerdote de Ixion, logo se juntou a ele. O Renascido não comia ou bebia, então perguntou a Ketil o que ele planejava para aquela manhã. Lázaro prometera com Lora e Isolda ajudarem no que pudessem o pai de Gavina Saro, o "Velho Saro", como é conhecido, a se curar de sua doença. Isolda se juntou aos clérigos ainda cedo, pois acordara nos primeiros ruídos da manhã. Apenas Darian e Lora decidiram continuar deitados depois que os sons da festa começaram.
Sem a liderança de Lora, os 3 que prometeram a Gavina ir logo ver seu pai decidiram que já que ela precisava "arrumar algo na cozinha", daria tempo de cuidarem de seus assuntos pessoais. Como a prova da Corrida do Salmão era fora da cidade, Ketil seguiu na direção que lhe foi informada e após alguns "é logo ali" ele chegou ao local de disputa. Lá ele aproveitou para apostar em si mesmo como o grande vencedor da prova, o que lhe renderia algumas coroas de prata, se estivesse certo.
Enquanto isso, Isolda foi comprar insumos mágicos para transcrever algumas magias para seu grimório. Descobriu a Botica do Vesper e seu estranho dono, que não só tinha os itens que ele precisava como alguns produtos alquímicos e até algumas poções mágicas. Talvez mais alguém entre os unicórnios se interessasse naqueles itens no fim das contas. Anotou também o nome de quem poderia ter algo para pergaminhos, um tal de Sil'forrin Flatoael, um elfo com uma barraquinha no tal do Mercado das Relíquias, um galpão enorme que funciona como uma espécie de feira coberta.
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| Vesper Reginferum, o alquimista |
Já Lázaro foi tentar descobrir se havia pessoas necessitadas na vila e um senhor meio ranzinza falou de forma rude sobre uns vagabundos acampados fora da cidade. Lázaro conseguiu no Minotauro Caído um tanto de batatas, cebolas, nabos e repolhos que já não estavam em bom estado. Purificou a comida e levou pros refugiados.
Ketil que demonstrara ceticismo quanto à doença do Velho Saro, já que desconfiava ser a mesma que levou embora seu tio, se preparava para participar da corrida do Salmão. A prova era basicamente uma corrida rio acima com vários baldes de metal amarrados no corpo. Ao que pode perceber, o favorito era o filho de Bayde Cavalo, mas o favorito não estava numa boa manhã, ao contrário de Ketil que nos dois quintos finais da prova arrancou para a vitória, garantindo a primeira medalha nas festividades, além do prêmio de 100 coroas de prata e de uma boa grana nas apostas, valendo algumas dezenas de coroas de prata.
Enquanto a prova ocorria, Lázaro levou os mantimentos ao acampamento de refugiados e descobriu se tratar de um grupo de tiferinos. Um adolescente de nome Melech foi quem o recebeu. Na despedida, Lázaro notou algo estranho: Melech possuia asas escondidas debaixo de uma capa. Isolda foi deixar seus insumos de escrita mágica na taberna e encontrou Darian, que não conseguia mais dormir e reclamava da barulheira enquanto comia uma broa com leite. Logo Lázaro chegou e os três puderam enfim visitar o pai de Saro.
A casa dos Saro ficava próxima do fim do vilarejo, e estava toda fechada. Gavina logo explicou que o pai estava muito incomodado com luzes fortes. Logo na sala de entrada, algo chamou a atenção: Um cajado, possivelmente mágico, talvez profano, certamente macabro, estava preso a uma parede próxima à lareira, gerando a luz de uma vela de forma mágica. Todos ligaram logo o cajado a doença. Após analisar o Velho, Lazaro chegou à conclusão que ele talvez tivesse uma semana de vida, mais ou menos. Não havia muito a ser feito. Isolda então utilizou de um ritual mágico para tentar identificar a aflição. Se tivesse origem mágica, talvez ele conseguisse alguma informação. Ele então descobriu que o Velho ingeriu ou sofreu alguma infecção de alguma forma de algo conhecido como Contaminação. A Contaminação sempre existiu no mundo. Alguns dizem que vem da esfera da entropia, outros dizem que vem do "Distante". Não há uma cura conhecida para a Contaminação. Quando alguém é contaminado em níveis elevados, a morte é certa. E a morte não é o pior. A pessoa tem sua forma corrompida, se tornando um tipo de monstro... Enquanto Lázaro tentava falar com Gavina, Isolda viu seu cartaz do grupo O Únicórnio Saltitante que ele tinha desenhado se abrir em sua bolsa e o unicórnio ganhar vida. O ser mágico saiu do papel, tomou a forma e tamanho de um unicórnio translúcido, atravessou por Isolda e foi para a porta da casa, atravessando como se ela não existisse. Isolda levou poucos segundos para agir, mas voltou a si e correu atrás do unicórnio, enquanto Lázaro e Darian olhavam para o companheiro sem entender o que acontecia.
Isolda, mais lento que a besta mágica, tentou segui-la em meio à multidão, mas quando chegou na estrada Norte ele a perdeu de vista... Isolda ainda ofegante voltou a casa dos Saro.
Na casa, Lazaro e Darian decidiram ir até a igreja para ver se no templo havia algum tipo de poção ou pergaminho que pudesse ser usado para estabilizar a situação do Velho e permitir que eles buscassem alguma cura, sem saber muito bem como. Lázaro acreditava que descobrir onde estava a contaminação talvez permitisse descobrir uma cura. No templo não se conseguiu nada, exceto descobrir que em algum lugar da sacristia existe uma raríssima poção de longevidade, guardada a sete chaves pelo Patriarca, agora desaparecido. Apenas o Patriarca tinha acesso à sacristia, de forma que a jovem sacerdotisa que os recebeu não tinha uma boa resposta para o grupo.
O grupo se reuniu, contaram suas descobertas e feitos uns pros outros, incluindo que Isolda usou um ritual e descobriu que o estranho cajado, herança familiar, na casa dos Saro é um Cajado das Flores, e logo se dividiram novamente. Ketil ainda tinha duas provas para concorrer, Lázaro queria propor a igreja para transportar o corpo de Saro para o templo e convencer a jovem Gavina a aceitar essa remoção do pai, Isolda queria transcrever alguas magias para seu livro e Darian... Bem... Darian queria arrumar alguma briga, mas não com camponeses sujos e inocentes, e sim com bandidos de verdade. Aquela agitação em que sua espada não podia acertar ninguém não era lá muito emocionante. Ele decidiu voltar à taberna, ver se Lora estava bem e talvez descansar um pouco.
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| O Cajado das Flores |
No processo de transferência do corpo do Velho Saro para o templo, em algum ponto Lázaro descobriu duas coisas: que bandidos estavam fechando a estrada que levava para Cataratas de Serpes, no norte, impedindo que aquele povoado recebesse a chegada de visitantes e mercadores, e que algum kobold estava atacando alguma cabra ou ovelha nos pastos ao leste.
Ketil foi eliminado no rola-tora após algumas rodadas, um jogo que consiste em descobrir quem fica mais tempo em cima de um tronco giratório suspenso no ar por uma haste de metal fixa na ponta do tronco e solta em um suporte de madeira, e chegou a zona de premiação no Urso Sedento, uma competição de quem bebe mais um estranho destilado de salmão. Isso lhe rendeu uma garrafa do belo (e fedorento) destilado de salmão.
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| Mira, a amiga de infancia de Isolda |
No fim do dia, após todos estarem bem novamente, exceto Lora, e estarem na praça da cidade, um evento violento interrompeu a tranquilidade do Festival:
Primeiro, Isolda avistou de longe, em seu vestido verde preferido, mas neste momento bastante surrado, sua amiga de infância, Mira. Ele e Mira haviam prometido conhecer o mundo. Mas quando Isolda saiu de sua masmorra para cumprir a promessa, ela havia desaparecido. E agora ela estava ali, correndo em sua direção. Ele sorriu. Mas não por muito tempo. O rosto dela estava aflito. E tudo ficou relativamente claro, pois uma flecha atingiu o chão ao lado dela, que escapara por milagre de ser alvejada. Isolda e os unicórnios agiram imediatamente, utilizando magias de cura e proteção para prestar socorro à vítima. Mais flechas vieram e uma acertou de forma fatal o peito de Mira, que disse suas últimas palavras: o Anel de Ferro. Isolda soltou um grito em meio à multidão, sabendo que os clérigos poderiam fazer mais do que ele, se houvesse o que pudesse ser feito. Conjurando uma magia que lhe permitia saltar, fazendo com que deslocasse de forma muito mais rápida, Isolda correu, ou melhor, saltou atrás do assassino. O bandido tinha uma boa distância, mas Isolda conseguiu chegar no alcance de uso de sua mais poderosa magia: Orbe Cromático. O jovem Isolda viu a cara do elfo abrindo um bueiro em uma viela sem saída e com palavras arcanas de poder conjurou sua magia. Um orbe se formou e disparou por aqueles mais de 30 metros que os separavam. O acerto foi perfeito. A perfeição que apenas a fúria poderia tornar possível. O orbe explodiu de forma certeira no elfo, lhe ceifando a vida instantaneamente. Nos milésimos de segundos em que o orbe se deslocava e atravessava a distância entre os dois, Isolda reconheceu o rosto do elfo: era o mesmo elfo que estava na fazenda abandonada na noite anterior. O que lhes mandou ir embora, e eles foram.
Eles derrotaram o elfo, mas a vitória foi agridoce e carregada de emoção. Consumido pela dor e pela fúria, o mago descarregou sua raiva no corpo já sem vida do elfo, exigindo saber quem o havia enviado para matar a garota. Controlado, talvez pela exaustão emocional ou pela chegada dos companheiros, Isolda cessou os golpes enquanto gritava e chirava. Ele se levantou, enxugou as lágrimas, e revistou o elfo. Decidiu analisar com calma o que pegou em outra hora, pois ele poderia analisar as pistas mais tarde. Voltou pra frente do templo, levantou o corpo de Isolda nos braços enquanto a multidão havia se silenciado diante do crime, e levou a jovem Mira para a Igreja de Santa Guarda.
Uma noite de horror e miséria aguardava o jovem Isolda.
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| O elfo misterioso. Membro do Anel de Ferro? |






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