A DÉCIMA SEGUNDA SESSÃO OU UM SALTO DE FÉ

   



Onde as lendas surgem do mundo cotidiano e pacato, se misturando com a realidade, e a aventura espreita em cada canto, formou-se a trupe de aventureiros o Unicórnio Saltitante. O destino, ou talvez apenas uma série de eventos casuais, os uniu na nem tão vibrante cidade de Limiar, de 5.000 habitantes, no ano de 1012 do calendário local, no extremo norte do Grão Ducado de Karameikos. Eles não sabiam, mas o caminho à frente os levaria a um pequeno vilarejo e a uma grande teia de mistérios, onde o simples não é tão simples assim, e o perigo se esconde nas sombras.


Aprecie este pequeno resumo dos eventos que se seguiram após a união deste destemido grupo de aventureiros chamado O Unicórnio Saltitante.



Unicórnio Saltitante



SESSÕES DOZE: UM SALTO DE FÉ



O Vale das Nuvens não vivia um outono comum. As folhas do Bosque das Serpes, tingidas de um púrpura doentio e negro, não caíam apenas pela estação, mas pela rejeição da própria terra. Sob a liderança reencontrada da barda Lora, o grupo do Unicórnio Saltitante — completado pela fé de Ketil e Lázaro, a fúria de Darian e o mistério de Isolda — seguiu a pequena fada Yucca até o coração da corrupção.


Yucca



O Horror na Fonte de Petra


Ao chegarem à clareira sagrada, o cenário era desolador. A Fonte de Petra, antigo santuário da Imortal, estava maculada. Menires e estátuas observavam, impotentes, um poço de águas avermelhadas. E ali, à margem, jazia o Unicórnio, a besta sagrada símbolo do grupo, agonizante e consumido pela praga que assolava a floresta.


Não houve tempo para luto ou planejamento. A própria vegetação se voltou contra eles. Das sombras surgiram as Vinhas Lacerantes, plantas carnívoras que buscavam devorar a carne dos heróis. Mas o verdadeiro pesadelo desceu dos céus (ou talvez de uma fenda entre os mundos): uma Prole Estelar. Uma aberração de geometria impossível, com múltiplos braços e garras que cortavam e causavam necrose ao ferimento recém aberto, movendo-se entre o plano material e o etéreo.


O combate foi brutal. A linha de frente, sustentada por Ketil e Darian, sofreu o impacto devastador. O Clérigo de Thor chegou a cair, sua vida por um fio, sendo trazido de volta apenas pelas preces desesperadas de Lázaro. Isolda via sua mente ser assaltada por ataques psíquicos, enquanto Lora, com sua magia e inspiração, tentava manter a coesão de um grupo à beira do colapso.


Foi na união do aço, da fé e da magia que a vitória veio. Isolda congelou as vinhas, Darian, inspirado pelas palavras da barda, rasgou a carne da aberração estelar, e Lázaro, canalizando a luz de Ixion, desferiu o golpe final que baniu a criatura de volta ao vazio.



Combate na Fonte Corrompida





O Espelho de Outro Mundo e a Divisão


Com o silêncio retornando à clareira, o mago sentiu um chamado: "Isolda, onde há luz na água, nasce o caminho". A superfície da água corrompida na fonte não refletia apenas seu rosto, mas uma luz e uma voz que clamavam por ele. Era uma conexão de sangue e destino. Sem hesitar, o mago pisou na água e desapareceu, atravessando o véu entre os mundos.


O grupo, atônito, se dividiu diante do desconhecido. Lázaro e Lora, movidos pela lealdade e pela necessidade de proteger o companheiro, saltaram atrás dele. Ketil e Darian, porém, permaneceram. Alguém precisava vigiar o portal no mundo material, proteger o corpo do Unicórnio e garantir que, se algo saísse daquela água, encontraria aço e trovão pela frente. Ou talvez fosse apenas descrença no nível de loucura dos outros três ao decidirem... ir em direção a luz?


Assim, a comitiva se partiu: dois guardiões no Vale das Nuvens e três viajantes em terras estranhas.




Isolda se arrisca e executa um salto planar




Faéria: O Reflexo Distorcido


Isolda, Lázaro e Lora emergiram em Faéria, o Plano das Fadas. Ali, a corrupção também existia, mas era diferente — mais vibrante, caótica e insidiosa. A natureza viva do plano se relacionava de forma estranha com a corrupção que vazava do mundo dos mortais. Os Unicórnios foram recebidos por Arquente, um centauro de barbas brancas e protetor daquele domínio. 


O ser feérico revelou a verdade: a fonte no mundo material, sagrada por um milênio, gerara um reflexo em Faéria, o nemeton onde eles estavam naquele momento. E do poder da fonte nasceu a vida no plano das fadas. Uma Árvore Sagrada, ligada a uma poderosa Dríade chamada Folhanil, que agora estava sendo consumida pelas sombras. Sombras que atraíram seres malignos para o local e enlouqueciam os seres da contraparte planar da Fonte de Petra. Para salvar o Unicórnio e o Bosque das Serpes, eles precisavam purificar a Árvore e colher seus frutos curativos. Mas o tempo era curto. A corrupção atingiu a árvore e o ser que a ela estava ligado; se Folhanil morresse, a esperança morreria com ela. 


Enquanto isso, Ketil analisava as águas da fonte e a luz, que após o movimento imprudente de Isolda ficara visível a todos. Ele se lembrou dos tempos em que a Ira dos Imortais fez com que o véu que divide o mundo material dos mundos distantes - onde anjos, demônios e outros seres habitam -  e concluiu que se tratava de um portal. Puxando Darian com ele, atravessou a mortalha e foi em busca dos outros membros do grupo em Faéria.



Arquente, o Centauro




Os Barretes Vermelhos e o Som do Metal


O bando reunido avançou por Faéria, contornando um lago onde uma besta enlouquecida rondava segundo Arquente havia alertado e aconselhado a manterem distância, focando em alcançar a Árvore. Durante uma breve pausa para recuperar o fôlego e planejar a aproximação, um som estranho ecoou pela floresta encantada: um bater rítmico, oco e metálico, como o trabalho de um martelo na forja no mundo material.


A jornada foi interrompida não pela besta do lago, mas por risadas cruéis. Diante deles surgiram três Barretes Vermelhos — duendes malignos de botas pesadas e foices ensanguentadas. O grupo sentia que suas forças estavam renovadas e que o destino de dois mundos dependia deles. Naquele momento, não era mais sobre fortuna ou glória. Eles estavam destinados a grandeza, ou a uma morte terrível.



Os Três Barretes Vermelhos






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